10/07/2025 18h21 - Atualizado em 10/07/2025 18h25

PCES e Procon-ES cumprem mandados em operação contra golpe virtual de venda de tênis

Durante as buscas, a influenciadora digital e o empresário foram presos em flagrante por maus-tratos após a criança ser encontrada em condições insalubres.

A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), em conjunto com o Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-ES), realizou, nesta quinta-feira (10), a Operação “Dois Irmãos”, em apoio à Decon da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) e à Secretaria de Defesa do Consumidor do Estado do Rio de Janeiro. A ação foi deflagrada para cumprir dois mandados de busca e apreensão em imóveis localizados no bairro Praia da Costa, em Vila Velha, ligados a um empresário e a uma influenciadora digital capixaba com mais de 1,5 milhão de seguidores. 

Os dois são suspeitos de integrar um esquema de fraude que simulava a venda de tênis de alto valor em uma plataforma online, sem que os produtos fossem de fato entregues aos consumidores. Durante as buscas, a influenciadora digital e o empresário foram presos em flagrante por maus-tratos após a criança ser encontrada em condições insalubres.

“O objetivo da operação era apreender celulares, computadores, documentos e quaisquer bens ligados à fraude contra o consumidor. Mas, ao chegar ao local, nos deparamos com uma situação ainda mais grave: o imóvel estava em condições totalmente insalubres e havia uma criança de 11 anos vivendo ali”, relatou o titular da Decon, delegado Eduardo Passamani.

Segundo o delegado, o ambiente apresentava sinais extremos de abandono e falta de higiene. “Havia fezes de animais, comida apodrecida espalhada por todos os cômodos, roupas jogadas no chão e nenhum espaço adequado para a criança dormir ou se alimentar. Era um local absolutamente inabitável”, completou.

Diante da situação, o Conselho Tutelar foi imediatamente acionado e confirmou os indícios de maus-tratos. A mãe da criança, que é a influenciadora investigada, e o tio, o empresário que também morava na residência, foram autuados em flagrante com base na nova legislação, sancionada na última sexta-feira (04), que aumentou a pena para o crime de maus-tratos contra crianças.

“Até a semana passada, esse crime permitia que os autores respondessem em liberdade. Agora, com a pena de dois a cinco anos, o flagrante resultou em prisão sem direito a fiança. Os dois foram encaminhados ao Centro de Triagem”, explicou Passamani.

A diretora-geral do Procon-ES, Letícia Coelho Nogueira, destacou o nível de sofisticação do golpe praticado. “Neste caso, os valores não eram baixos. Estamos falando de tênis de R$ 1.500. Isso dificulta o reconhecimento imediato do golpe, pois o consumidor geralmente desconfia de preços muito abaixo do mercado. Eles manipulavam a imagem da empresa para passar credibilidade, com forte presença nas redes sociais”, afirmou.

Segundo Letícia, os investigados atuavam de forma a simular confiabilidade. “Mesmo com mais de 700 reclamações registradas no Reclame Aqui, a empresa mantinha uma nota alta. Isso levanta a suspeita de uso de robôs ou respostas automáticas, o que também está sendo investigado. Além disso, perfis nas redes sociais ocultavam comentários negativos, o que é um sinal de alerta”, completou. Ainda de acordo com a diretora, a empresa não estava cadastrada na plataforma consumidor.gov.br, o que, embora não seja obrigatório, reforça a ausência de compromisso com boas práticas de atendimento. 

“A influenciadora utilizava uma imagem de sucesso e ostentação, com fotos em academias, roupas de marca e moradia em bairro nobre, para reforçar a narrativa de empresária bem-sucedida e atrair consumidores. Mas o que tudo indica é que sequer havia produtos a serem entregues”, destacou o delegado Eduardo Passamani, titular da Decon.  

Além dos eletrônicos, também foram apreendidos relógios — possivelmente falsificados — que podem ter sido utilizados como brindes para atrair compradores. Todo o material foi encaminhado para o Rio de Janeiro, onde está centralizada a investigação principal.

“Fica o nosso alerta à população. Quem realizou compras nesse site e não recebeu os produtos deve registrar o boletim de ocorrência. A decisão judicial já determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados, então é fundamental que os consumidores se habilitem na investigação para tentar reaver os prejuízos”, concluiu Eduardo Passamani.

A criança foi acolhida pelo Conselho Tutelar e encaminhada a um familiar responsável. 

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